Ela nunca acreditou em contos de fada, sequer no amor, e tampouco no dito eterno. Da mesma forma que a vida é passageira e cheia de surpresas, crê que o amor assim também seja. Talvez o amor definido pelas fantasiosas histórias e novelas na realidade só exista de mãe pra filho, os demais não passam de sentimentos efêmeros, os quais com o tempo perdem aquela paixão ardente e tornam-se apenas um cotidiano que protege o homem de enfrentar seus obstáculos e temores sozinho. A pretensão desse texto não é de fazer uma “apologia” contra qualquer manifestação de interesse com o outro, pelo contrário, ela acha importante e essencial essa experiência mútua, porém acredita que ela não deva ser única, pois defende o seu aperfeiçoamento e o autoconhecimento de cada indivíduo, o qual deve ser preso e sincero apenas a seus sentimentos, e antes de qualquer dedicação a outrem precisa desenvolver o seu amor por si e pela sua vida, em busca da sua felicidade sem a necessidade de ninguém; o demais apenas deve ter vez a medida que essa exija a sua presença. Para ser mais clara, diz ela que não se deve esperar nada de ninguém, da mesma forma que não se deve fazer ou deixar de fazer algo para alguém, as atitudes tomadas por ela são realizadas de acordo com a sua vontade e a sua satisfação como o ser humano que visa ser. Observa a fidelidade como uma forma de respeito consigo e pelos seus próprios sentimentos, através da sinceridade de transparecer apenas as suas reais vontades sem necessidade de forçar uma situação, um sorriso indesejado, ou um abraço pouco cobiçado. Pode ser que o seu único amor esteja na sua liberdade, sendo incapaz, portanto, de deixar que qualquer um a limite ou a impeça de viver da maneira que se quer. Nada é perfeito e nenhum dia de sol dura pra sempre, e entre essas e outras justifica sua liberdade, a qual ,para alguns, é apenas uma forma sútil de chamar seu egoísmo. Com a sutileza de apresentar o egoísmo, já o fez Vinicius de Moraes no Soneto da Fidelidade (não que ninguém o conheça), ou vai dizer que você achava que era uma declaração de amor pra alguém?!
Soneto da Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário